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ESTRADA REAL


Estrada Real é um conceito amplo que designava, nos séculos XVII, XVIII e XIX, as várias estradas públicas administradas pelo Governo Português. Assim, ela abrange todos os antigos caminhos que em tempos passados foram percorridos por bandeirantes, tropeiros, índios, comerciantes e aventureiros nas capitanias das Minas Gerais, de São Paulo, do Rio de Janeiro, da Bahia, etc. Na região sudeste a Estrada Real ligava as áreas de produção de ouro (Ouro Preto) e diamantes (Diamantina) aos portos de Parati e diretamente ao Rio de Janeiro.

Os dois mais conhecidos caminhos que integram o complexo emaranhado de vias de comunicação coloniais são os seguintes:

a) o Caminho Velho, que ligava São Paulo e Rio de Janeiro às minas, passando por Parati, Taubaté, Guaratinguetá, Baependi, Carrancas e São João del-Rei;

b) o Caminho Novo, concluído em 1725, que passou a substituir o Caminho Velho como rota de acesso do Rio de Janeiro às minas de Ouro Preto, passando por Paraíba do Sul, Matias Barbosa, Juiz de Fora, Barbacena, Conselheiro Lafaiete e Ouro Branco.

Esses caminhos eram fiscalizados e policiados pela Coroa portuguesa, que neles instalava postos de controle do tráfego de pessoas, animais, mercadorias e minerais - os chamados registros -, onde se pagavam taxas devidas ao Estado e se verificavam documentos dos viajantes.

CAMINHO DO COMÉRCIO

Um outro trecho importante da Estrada Real, mas ainda pouco pesquisado e explorado turisticamente, é o que se denominava “Caminho do Comércio” ou “Caminho do Rio Preto”, uma variante que foi aberta por volta do ano de 1813 para facilitar o trânsito de comerciantes e tropeiros entre São João Del Rei e o Rio de Janeiro. Essa rota, que partia do Caminho Novo em trecho compreendido entre os atuais municípios de Pati do Alferes – RJ e Paraíba do Sul – RJ, rumava em direção a Valença-RJ, depois seguia pelos antigos arraiais mineiros de Rio Preto, Bom Jardim, Turvo (atual Andrelândia), Madre de Deus, Rio das Mortes e, finalmente, chegava à Vila de São João Del-Rei. Tratava-se de uma via bastante movimentada e importante, sendo que pela mesma passou em 1819 o botânico francês Auguste de Saint-Hilaire em uma de suas incursões científicas pelo interior do país, com destino às nascentes do Rio São Francisco. Saint-Hilaire anotou em seu diário que a estrada era utilizada sobretudo para a condução de bois e porcos que eram levados da antiga Comarca do Rio das Mortes (sediada em São João Del-Rei) para abastecer o Rio de Janeiro e que tal caminho era muito mais curto do que qualquer outro. Além disso, no Caminho do Comércio, as taxas cobradas nos postos de fiscalização (Registros) eram mais baratas, o que incentivava o tráfego de tropeiros e comerciantes por tal via.
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